terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

EM CLIMA DE MINISSÉRIE - ESPECIAL QUERIDOS AMIGOS - COLEÇÃO DE RECORTES SOBRE A SÉRIE

Zé Paulo Cardeal/Globo
Queridos Amigos é a nova minissérie da Globo e tem data de estréia prevista para fevereiro de 2008. No entanto, as gravações da trama já estão a todo o vapor. Prova disso é que Dan Stulbach esteve no parque do Ibirapuera, em São Paulo, para gravar algumas cenas.

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Série revive ano da eleição de Collor


LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Autora das elogiadas "JK", "Um Só Coração" e "Os Maias", Maria Adelaide Amaral estréia em fevereiro, na Globo, sua nova minissérie. "Queridos Amigos" não será histórica, como as anteriores. Baseada em sua própria vida, narra o reencontro de um grupo de amigos em novembro de 1989. O protagonista, interpretado por Dan Stulbach, é inspirado no jornalista Décio Bar, amigo da autora, que se suicidou em 1991.

Raimundo Paccó/Folha Imagem
Ator Dan Stulbach grava cena da minissérie "Queridos Amigos" no parque Ibirapuera, em São Paulo; estréia será em fevereiro de 2008
Ator Dan Stulbach grava cena da minissérie "Queridos Amigos" no parque Ibirapuera, em São Paulo; estréia será em fevereiro de 2008

É sua morte que mobiliza a retomada da turma, que vivera intensamente os ideais da esquerda nos anos da ditadura militar. À Folha, a escritora fala sobre a decepção ao saber que a Globo abortara o projeto de sua série sobre Maurício de Nassau e conta que relação "Queridos Amigos" tem com a disputa entre Lula e Collor.

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Folha - O que achou de trocar Nassau por "Queridos Amigos"?

Maria Adelaide Amaral - A história da troca começou no dia em que chamei o Dan Stulbach -ele faria o papel de Nassau- à minha casa, para dizer que infelizmente a minissérie havia sido adiada. Então o telefone tocou e era a [diretora] Denise Saraceni, que acabava de sair de uma reunião com o Mário Lúcio Vaz [diretor-geral artístico da Globo]. Ele tinha lhe perguntado se eu não tinha nada de minha autoria, passível de ser adaptado para minissérie. Nessa tarde estava particularmente irritada e respondi que não. E o Dan, que ouvia a conversa, observou que o romance "Aos Meus Amigos" daria uma minissérie. Considerei a idéia, escrevi um argumento e recebi sinal verde para fazer a sinopse. E então me dei conta de que estava fazendo o primeiro trabalho exclusivamente meu para a TV. No teatro e na literatura quase sempre fiz isso.

Folha - Lamenta o fato de a minissérie histórica sobre Nassau ter sido descartada em razão do custo alto?

Amaral - Quando ficou claro que Nassau não seria feita, fiquei muito desapontada. Durante um ano tinha pesquisado, viajado à Holanda e conversado com Evaldo Cabral de Mello, que seria o consultor, inúmeras vezes. Foi muito frustrante.

Folha - Por que escolheu novembro de 1989 para a minissérie?

Amaral - O país teve a sua primeira eleição direta para presidente da República após 20 anos. O dia 15 assinalou os cem anos da República. Caiu o Muro de Berlim. A inflação andava pela casa dos 50% ao mês. O desemprego campeava inclusive na nossa área. Em novembro de 1989 finalizei a edição de "Os Cem Anos da República", para a qual tinha sido chamada pela Nova Cultural (ex-Abril Cultural). A redação reunia jornalistas como Sérgio Pompeu e Renato Pompeu, free-lancers como eu e outros companheiros, naquele momento difícil. Foi minha última contribuição na indústria editorial. No ano seguinte iria para a TV.

Folha - Qual será o peso da campanha Lula x Collor? A série mostrará, por exemplo, o episódio do uso da ex-namorada do petista falando sobre o pedido de aborto na propaganda política do adversário?

Amaral - Não creio que a história chegue ao ponto mais acirrado da campanha. Isso nem teria peso na trama, uma vez que os meus queridos amigos votarão em peso no Lula, no segundo turno, com exceção de um, que votará nulo.

Folha - Na série, um grupo de amigos que viveu intensamente os anos 70 se desencontra e desencontra também seus ideais políticos. Já te vi em eventos do PSDB, como no jantar de apoio a Serra na casa de Raul Cortez. O que o fundo político/ ideológico de "Queridos Amigos" tem de relação com a sua trajetória?

Amaral - Entre os amigos da minissérie estão Léo, cineasta e escritor, alinhado com pensamentos de vanguarda; Ivan e Tito, jornalistas, ex-presos políticos; Pedro, autor de romances que denuncia os porões da ditadura militar; Bia, presa e torturada no DOI-Codi etc. A política impregna a vida deles. Em 1989, estão revendo ou reforçando conceitos, se confrontando com ilusões perdidas e vivendo a ressaca das Diretas. Fiquei amiga do Serra em 1960, tomando o mesmo ônibus para o centro da cidade. Ele ia para a Poli e eu para o Banco da Lavoura de Minas Gerais, do qual saía às 19h para estudar no Colégio Estadual de São Paulo, onde conheci Décio Bar [jornalista que inspira o protagonista da minissérie]. Nunca me filiei a nenhum partido mas sempre me alinhei à esquerda. Fiz parte daquele grupo que, durante a ditadura, subscrevia abaixo-assinados contra a repressão, ajudava as famílias de companheiros presos, dava suporte à imprensa nanica, foi ao enterro e à missa do Vlado e angariava fundos para a greve do ABC.

Folha - Sua carreira de jornalista influenciou "Queridos Amigos"?

Amaral - Tive o privilégio de trabalhar na Abril na década de 70, na sua Divisão Cultural, que acolheu, a partir de 1969, professores afastados de seus cargos nas universidades pela ditadura, além de jornalistas e outros "refugiados" da repressão. A atmosfera era rica, linhas de pensamento variadas mas jamais dicotômicas. Todos sabiam quem era o inimigo comum. Foi esse clima de efervescência intelectual e de companheirismo que inspirou a maior parte de minhas obras.

Folha - O jornalista Décio Bar, seu amigo que se suicidou, inspirou o protagonista da minissérie?

Amaral - O que motivou o romance "Aos Meus Amigos" foi o suicídio do Décio Bar, em 1991. Ele foi uma das pessoas mais brilhantes que conheci: poeta e escritor, arquiteto, artista plástico, cineasta, jornalista. Era também muito exigente a respeito do seu trabalho. Décio influenciou meu gosto e minhas preferências ou idiossincrasias culturais. Sua morte me abalou profundamente e mobilizou a vontade de falar sobre ele e nossa geração.

Folha - Como as séries normalmente são de época, o tempo mais atual costuma ser relacionado às novelas. Como "Queridos Amigos" se diferencia de uma telenovela?

Amaral - É diferente uma novela de uma minissérie. Nesta, ainda mais porque o andamento do roteiro é cinematográfico. Há pouca concessão ao folhetim e nenhuma à linguagem.

Folha - Cogita voltar às novelas?

Amaral - Se me mandarem fazer, faço. Mas não o farei com o mesmo prazer com que faço minisséries. Começando pelo fato de que um autor de novela escreve um capítulo por dia e na minissérie tenho dois, três dias para isso, o que confere outra qualidade ao produto. E também porque as minisséries me permitem fazer uma das coisas que mais gosto: pesquisar intensamente.

Folha - Por fim, uma curiosidade: em 1989, votou em Lula ou Collor?

Amaral - Não voto. Sou portuguesa e não tive paciência para a burocracia da naturalização.

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Laboratório de intimidade

22/01/08 por TV Globo

a amizade se estende por de trás das câmeras.Ao iniciar a preparação para a minissérie – uma história que fala, sobretudo, das relações de amizade entre um grupo ao longo das décadas de 70 e 80 –, a diretora de núcleo Denise Saraceni viu-se diante de um desafio: como entrosar em pouquíssimo tempo esse elenco para que, mais tarde, seus personagens transparecessem em cena o grau de intimidade exigido pela história? A solução foi concentrar parte do elenco num estúdio no Rio e, num regime de convívio intenso – uma espécie de laboratório de intimidade em que todos fizeram uma profunda imersão no universo da trama – construir uma relação sólida entre eles. “Em todos os meus trabalhos procuro ensaiar antes de começarem as gravações. Em Queridos Amigos, concentramos elenco e diretores em um espaço cheio de referências, para que pudéssemos mergulhar profundamente na história da minissérie”, conta Denise Saraceni.
O toque, a troca de olhares e as relações entre os personagens foram alguns dos principais pontos trabalhados nesses ensaios. Como a minissérie se passa em novembro de 1989 e trata da amizade entre pessoas que se conheceram na década de 1970, foi necessário criar uma atmosfera de intimidade e uma memória coletiva do afeto entre os atores: “Esse passado não está de forma óbvia no roteiro, então, trouxemos essa história para as entranhas de cada um daqueles amigos”, completa a diretora.

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Televisão
Queridos Amigos vai falar de morte e amizade
Nova minissérie da Globo conta a história de Léo (Dan Stulbach), que descobre ter pouco tempo de vida
O que você faria se soubesse que tem pouco tempo de vida? Léo (Dan Stulbach) fica diante da questão e decide reunir velhos amigos na minissérie Queridos Amigos, da Globo, que estréia em fevereiro. O texto é uma adaptação do livro “Aos Meus Amigos”, de Maria Adelaide Amaral, que também assina a versão para a TV.
“A partir do momento em que Léo sente a morte de perto, sua finitude, tudo fica mais urgente. O centro de sua vida passa a ser a felicidade dele e dos outros, que no fundo é a mesma coisa”, diz Dan Stulbach. “A minissérie é um reencontro de amigos. Eles tentam recriar sonhos abandonados, estão vivendo o período logo depois da frustração com as eleições diretas. A vitória do capitalismo e a queda do Muro de Berlim são muito sintomáticas na vida deles. O texto fala de esperança”, conta a diretora Denise Saraceni.
Stulbach é o “mentor” da produção. O ator convenceu a autora a levar a obra para o vídeo quando foi decidido que Nassau, o Brasileiro não sairia do papel por conta do alto custo. A Globo topou e o telespectador agradeceu. O texto dá um refresco às batidas produções de época que fazem parte da programação de férias – e têm ficado com audiência abaixo da expectativa.
O programa tem 25 capítulos e novembro de 1989 como data. O protagonista descobre que tem esclerose múltipla e simula a morte para promover o reencontro da turma, formada por Tito (Matheus Nachtergaele), Pingo (Joelson Medeiros), Lúcia (Malu Galli), Ivan (Luiz Carlos Vasconcelos), Lena (Déborah Bloch), Pedro (Bruno Garcia) e Benny (Guilherme Weber).
Amigos de verdade na ficção... e por que não na vida real? Denise Saraceni quis criar um clima de amizade entre os atores como o que existe entre os personagens e então “apelou”. Promoveu uma versão light do Big Brother Brasil para que o time principal convivesse e se enturmasse. Montou uma casa em um estúdio e confinou os atores entre os meses de outubro e novembro.
O ambiente foi palco de leituras, ensaios, improvisações e exercícios de corpo e voz. Também recebeu workshop sobre o período em que a trama se desenrola. “Seria difícil mostrar química se o elenco não se entrosasse. O grupo se fechou no estúdio, cozinhava, fazia ginástica. Mesclava laboratório, ensaio e papo”, conta a diretora.
A diferença entre o reality show e o laboratório para a minissérie é que no segundo os participantes tinham o direito de sair do local quando bem entendessem e estavam livres das câmeras, que vigiam os jogadores do primeiro 24 horas.
A produção da minissérie, incluindo a escolha dos atores, começou em julho de 2007. A escalação teve atenção especial, conta Denise. “Queria atores emblemáticos daquele período brasileiro (entre eles, Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira). E trazer a galera que começou (a atuar) nos anos 80.” Recriar cenários e figurinos da década – tão pouco retratada na ficção – foi tarefa mais simples do que se imaginava. “89 é muito parecido (com os dias de hoje). O que muda um pouco é a arquitetura, mas as roupas até voltaram (a ficar na moda).”
O protagonista Léo já trabalhou como publicitário e jornalista e gosta de brincar de mágico nas horas vagas. A aptidão obrigou Stulbach a ter aulas de magia. Já os personagens de Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira são freqüentadores assíduos de bailes da terceira idade e levaram os intérpretes a um curso rápido de dança ministrado por Carlinhos de Jesus.
A capital paulista é cenário do trabalho. As gravações externas foram feitas em cartões-postais da Cidade, como a Avenida Paulista, o Vale do Anhangabaú, a USP e o Parque Ibirapuera. No parque, acontece um dos encontros entre Léo e o filho, David (André Luiz Frambach), com quem o protagonista teve pouco contato até descobrir ser vítima de esclerose múltipla. O menino é fruto da relação do ‘mágico‘ com Flora (Aida Lerner). O relacionamento não resistiu ao fato de ele ser judeu e ela, negra. Outra questão a ser resolvida antes do fim.

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18/02/2008 - 08h43 - Atualizado em 18/02/2008 - 08h46

Inspirada em fatos reais, ‘Queridos amigos’ estréia nesta segunda

Minissérie da Globo traz Dan Stulbach, Débora Bloch e Fernanda Montenegro, entre outros.
Escrita por Maria Adelaide Amaral, trama mostra Brasil da reabertura política.
Do G1, no Rio entre em contato
ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
Rede Globo
Divulgação
A minissérie se passa em 1989 e mostra os anos 1970 em flashbacks (Foto: Divulgação)

"A gente sempre acha que o que está no papel é melhor do que aquilo que vai ao ar", diz Maria Adelaide Amaral, autora da minissérie "Queridos amigos", que estréia nesta segunda-feira (18) na Rede Globo. “Mas, desta vez, o que está na tela é irretocável”, completa a escritora, que criou sucessos como “JK”, “Um só coração” e “A casa das sete mulheres”.

Confira o site de 'Queridos amigos'


O comentário de Maria Adelaide vale por mil, já que a minissérie é baseada em fatos de sua própria história. “O que vocês vão ver é a minha vida, ou pelo menos grande parte do que eu vivi”, afirma a autora, que tirou inspiração da morte de um grande amigo seu que se suicidou em 1991.

A trama gira em torno de Léo (interpretado por Dan Stulbach), um escritor que, ao descobrir que está doente e tem pouco tempo de vida, resolve reunir os amigos de longa data que não vê há anos. “Vivemos num mundo que valoriza mais a individualidade do que a identidade; a mensagem da minissérie é: lembre de quem você é, lembre de quem você foi”, diz o protagonista.

Rede Globo
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Dan Stulbach: "Lembre quem vocé é, quem você foi" (Foto: Divulgação)
Reencontro

O cenário é o Brasil de 1989, com a reabertura política e as repercussões da queda do Muro de Berlim, mas os anos 1970 também são retratados, nos flashbacks dos personagens. “O grande desafio é que é um universo difícil de ser retratado sem ficar estereotipado”, conta a autora.


Mas o reencontro dos amigos acaba se revelando desagradável: Tito (Matheus Nachtergaele) precisa encarar o atual marido de sua ex-mulher, Pedro (Bruno Garcia) enfrenta a depressão, Lena (Débora Bloch) e Ivan (Luiz Carlos Nascimento) revivem um amor mal resolvido e o gay Benny (Guilherme Weber) causa escândalo ao chegar acompanhado de um travesti e decide cutucar as feridas de cada um.


Para reatar os laços de carinho dos amigos, Léo tem um plano. Ele simula um suicídio, e a dor da perda do amigo acaba reaproximando todos. Aos poucos, o protagonista revela para cada um deles que não morreu e faz com que os amigos encontrem um novo significado para a vida.


“Queremos emocionar as pessoas e fazer com que elas tenham vontade de reencontrar seus verdadeiros amigos”, diz Stulbach sem esconder os olhos cheios d’água. “Também vivi grandes perdas na minha vida e é natural que, depois disso, a gente passe a ver tudo de outra forma, querer que tudo valha a pena”, conta.

Rede Globo
Divulgação
Fernanda Montenegro e Denise Fraga vivem mãe e filha (Foto: Divulgação)
Elenco

Além dos atores citados, “Queridos amigos” traz, entre outros, Fernanda Machado, Denise Fraga, Maria Luisa Mendonça, Tarcísio Filho, Drica Moraes, Tato Gabus Mendes, Aracy Balabanian e Fernanda Montenegro, que volta à televisão depois de brilhar na novela “Belíssima”, há cerca de dois anos.


“É um prazer trabalhar com essa equipe, ainda mais numa obra que relembra momentos tão marcantes da história brasileira”, diz Fernanda Montenegro, que interpreta a aposentada Iraci, dividida entre a alegria dos bailes de dança e a infelicidade de ter uma filha (vivida por Denise Fraga) que foi presa e torturada durante a ditadura.


“A gente precisa falar de vez em quando dessa temática, a ditadura, para não cair nessa desgraça de novo”, afirma a atriz, que completa 57 anos de carreira em 2008.

CONTINUA...

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